Será que investir em Segurança e Saúde no Trabalho é um bom negócio? A gente te conta neste artigo!
Segundo dados do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho em 2018 foram notificados, por meio de CAT, 623,8 mil acidentes de trabalho.
E foram concedidos 154,8 mil auxílios doença acidentário (B91), 7,5 mil aposentadorias por invalidez acidentária (B92), 231 pensões por morte decorrente de acidente de trabalho (B93) e 15,1 mil auxílios acidente de caráter indenizatório (B94).
E quanto aos custos, se levarmos em consideração apenas as despesas que a Previdência Social teve em 2018 com a concessão dos benefícios acidentários (B91, B92, B93, B94), chegamos ao expressivo valor de 13,1 bilhões de reais, conforme dados do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho.
Todavia, estimamos que isso represente apenas uma pequena parcela dos impactos atrelados aos acidentes e adoecimentos relacionados ao trabalho.
Pois, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) o impacto econômico dos acidentes de trabalho e doenças relacionados ao trabalho é de aproximadamente 3,94% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial ao ano.
Neste sentido, se levarmos em consideração que o PIB do Brasil em 2019 foi de 7,3 trilhões de reais (IBGE, 2020), o custo para o país com a acidentalidade é de aproximadamente 280 bilhões de reais por ano.
Desta forma, o reflexo da insegurança nos ambientes de trabalho é sentida por toda a sociedade e não necessariamente estão atreladas única e exclusivamente ao aspecto monetário. Porém, a maior influencia às empresas, trabalhadores e ao Governo é no aspecto econômico , conforme destacado a seguir.
Impacto às Empresas:
As empresas sofrem diversos reflexos com os acidentes e doenças originados em seus ambientes de trabalho – custos estes segurados e não segurados, ou seja, diretos e indiretos. Desta forma, ao avaliar esta questão, ao menos, os elementos abaixo devem ser levados em consideração:
- Aumento do FAP, caso estejam sujeitas.
- Despesas médicas
- Custos judiciais, indenizações e ações regressivas
- Pagamento do salário nos primeiros 15 dias de atestado do trabalhador
- Contribuição do FGTS enquanto o trabalhador estiver afastado, caso seja decorrente de acidente ou doença relacionada ao trabalho
- Custos com a contratação e treinamento para substituição do trabalhador
- Custos com horas extras para suprir a ausência do trabalhador
- Comprometimento da qualidade do produto ou da prestação de serviços
- Redução da produção
- Atraso das entregas
- Paradas de máquinas, equipamentos ou processos
- Impacto na imagem e reputação da empresa
Impacto aos Trabalhadores:
E os trabalhadores também são afetados diretamente pelos acidentes. Apesar de “sofrerem na pele” o impacto, há outros elementos que precisam ser considerados, tais como:
- Redução da remuneração
- Despesas com medicamentos
- Redução temporária ou permanente da capacidade biomecânica e/ou cognitiva
- Interferência na vida familiar e convívio social
- Redução na empregabilidade
Impacto ao Governo:
E o Governo também apresenta seus impactos, além da assistência ao trabalhador, conforme elementos destacados abaixo:
- Pagamento de benefícios assistenciais
- Despesas com o SUS
- Despesas com o Corpo de Bombeiros/SAMU
- Despesas administrativas e com profissionais (SIT, Fundacentro, CEREST)
Desta forma, podemos concluir que a área de SST é totalmente estratégica, uma vez que colabora diretamente com a sustentabilidade de empresas, satisfação e bem-estar dos trabalhadores e com o equilíbrio financeiro do Governo. Ou seja, uma contribuição com toda a Sociedade.
E para termos uma ideia do qual positivo é o investimento em SST, em publicação do International Social Security Association (ISSA) em 2013, intitulado Calculating the international return on prevention for companies: Costs and benefits of investments in occupational safety and health:
O Retorno sobre a Prevenção é de 2,2 vezes – ou seja, esse indicador representa a relação entre os benefícios monetários da prevenção e os custos da prevenção. Desta forma, o retorno sobre o valor investido é pouco mais do que o dobro.
E, neste sentido, como nós profissionais prevencionistas poderemos contribuir com a mudança dessa realidade? Como pode fazer com que a área seja vista como um investimento à sociedade ao invés de um custo e obrigação para empresas, trabalhadores e Governo?
Primeiramente, nos conscientizar dessa situação. Ou seja, compreendermos que a área é muito mais de que cumprir requisitos legais.
Ou seja, para eu vender uma ideia, eu preciso acreditar nela! Acreditar que SST é um investimento.
E, posteriormente, usar destes argumentos para mudar a realidade cultural existente na maioria das empresas e trabalhadores.
Mas, isso não é fácil, embora há um caminho lógico a ser trilhado e que muito em breve compartilharei outro artigo apresentando este caminho: o que pode ser feito na prática e como fazer!